Metade de mim é forte, é festa,
flor do campo, luz do sol, sereia ao mar.
Mas a outra metade é incompleta.
Descrente, desvairada, flor deserta,
navegante dessas noites sem luar.
Metade é pulsação, é toque e alento
apaziguando guerra, anunciando os dias.
Metade traz no olhar lições do vento
no corpo, só calor e movimento,
na mente um universo de poesias.
Metade de mim guarda o futuro
nas conchas das mãos recebe a vida.
Desponta do horizonte outro verão,
do amor aprendiz nasce a paixão,
comovente, carente, retraída.
A outra metade não tem norte,
hálito da dor transforma o sonho.
Em brancas nuvens passa, infeliz.
Metade faz de mim vírus mordente,
mas a outra é radiante, transparente,
mata a sede, revigora. É feliz.
Marilia Abduani.
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