GUARDIÃ

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

GUARDIÃ

Hipnógenos olhos de labaredas
pairam sobre o céu de cinza
e cobrem a terra e o mar.
... Anjos de asas quebradas
são os sonhos de agora
na vastidão do mundo.
Procuro dentro da eterna noite
as estrelas que douram a alma e colorem as flores.
A Lua guardiã conduz os passos da madrugada
e escrevem lendas.
Quisera eu segurar a mão da alegria
e, com as pontas dos dedos,
tocar em mim mesma o mais íntimo sentimento.
Quisera criar a rima mais rara,
a canção mais exata, nos sustenidos da memória.
Quisera em minha vida a sensualidade da rosa,
a cumplicidade das borboletas,
o ofício das abelhas que beijam as flores e devolvem o mel.
Assim, da cascata da manhã,
eu, cúmplice da vida,
renovadamante sentiria o pulsar das veias,
descansaria no colo da minha mãe
e renasceria do ventre da paz.

Marilia Abduani

http://youtu.be/l7FblSCb0D8

DESENCANTO

sábado, 10 de dezembro de 2011

O pranto comeu as lembranças
o vento varreu a beleza.
O silêncio é estrela cadente
nos braços da correnteza.
Meu choro de água quente
buscando em tua nascente
desencantar a tristeza.

Descanso os olhos cansados
na luz etérea do vento.
Liberto os medos guardados
no bojo do pensamento.
Um coração de menino
num corpo já sem destino,
no gelo do esquecimento.

( Resta um suspiro profundo
   ante o desejo infecundo
   do gozo sem sofrimento. )

MARILIA ABDUANI

SOMBRA



Fui ferida por mim mesma
num instante de loucura.
Meu corpo perdeu a vigília
da minha emoção mais pura.
Cacos de vidro nos olhos,
estilhaços em meu dia.
A fúria de quem não sente
o beijo da calmaria.

Fiz de mim o meu algoz,
o peito vivo,fremente.
A boca seca, sem beijos,
a ansiedade demente.
Meus ossos esbranquiçados
nem sentem frio ou saudade.
Eu enfrento garras e dentes.
Me falta qualquer coragem.

Eu sou o meu próprio inimigo,
a alma turva, cansada.
Solidão é o meu castigo,
meu pranto é luz apagada.
O abraço sem esperança,
memória fraca e cansada.
Passos inertes, sem dança,
Sou quase sombra. Mais nada!

Marilia Abduani

novo dia

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

SERENO DOCE NA ESPERA
DA VINDA DE UM NOVO DIA.
RENOVADA A PRIMAVERA
EM FLORES SE ANUNCIA.
O SOL PREGUIÇOSO ESPREITA
O VERDE QUE SE DERRAMA.
A FLAUTA DOCE DO VENTO
É O SOPRO DE QUEM SE AMA.


OS PASSOS DA NATUREZA
CAMINHAM E DEIXAM PRA TRÁS
O TEMPO QUE VAI-SE EMBORA
E A LUZ QUE NÃO BRILHA MAIS.

O FIO DE OURO E PRATA
QUE CONDUZ A ESTRELA GUIA
VESTE A NUDEZ DA MATA
E TODA A MANHÃ PRINCIPIA
VOA O MEU SONHO E ATRAVESSA
A ESTREITA PONTE DA VIDA.
É QUANDO O AMOR SE EMPRESTA
E ENCHE DE LUZ A VIDA

MARILIA ABDUANI

TOLDO

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

TOLDO


Uma chuva me tolda
Bela e perecível, a noite abre os olhos
e procura por uma estrela
... para espantar o breu.
A noite é longa,mas não chega a ser triste.
Seivoso como as gotas que desmaiam,
o vento é carícia.
O coração bate desarmado
por todas as coisas que se vão na enxurrada,coisas que jamais terei.
Deixo a chuva molhar os meus olhos,
antídoto contra a dor de viver.

Marilia Abduan 20:59
02/12/2011

MINAS



AVE VOA E CANTA
NO SERTÃO DAS GERAIS
VIVA A ALMA QUE CANTA
SENTIMENTOS IGUAIS
UMA LUZ DOURA O MUNDO
... BORDA EM OURO O AR
AS MONTANHAS, OS MONTES,
ENTERNECEM O OLHAR.

MINAS, CICLO DO SOL,
GUARDA TODA A PAISAGEM.
MINAS,SULCOS PROFUNDOS,
RIMA,SOM E CORAGEM.
MINAS SOMA OS SEUS CHEIROS
E BORDA PALCOS EM FLOR
É TÃO BOM SER MINEIRO
MINAS,TERRA DE AMOR.

MARILIA ABDUANI

MÚSICA: HERMAM

domingo, 20 de novembro de 2011

OLHAR

Carrego em meu lombo
as marcas transparentes de um tempo perdido no tempo.
Jaz em mim a esperança,
a aliança entrelaçada do pranto
que canto para espanto do meu sonhar.
Carrego a vida nas costas
vou aonde a vista alcançar.

Marilia Abduani

MALÍCIA

sábado, 1 de outubro de 2011

O SOL PASSEIA O DIA
A LUA ABRAÇA A NOITE,
O VENTO ASSOBIA CANÇÕES
ENQUANTO SUSSURRA O TEMPO.
A PRIMAVERA DESPE O OUTONO
E SE ENGRAVIDA DE FLORES.
O MAR SE ENTREGA INTEIRO
À AQUARELA DO SOL.
e TODA A VIDA SE ENCANTA:
MALÍCIA E SEDUÇÃO,
DOCE SENTIMENTO.

MARILIA ABDUANI

Lua cheia

sábado, 24 de setembro de 2011

Lua cheia

Meus olhos de lua cheia
clareiam a escuridão,
meus braços de maré cheia
inundam o coração.
A estrela do céu da boca
reluz e só traz perdão.
Meu sonho de ventania
espalha amor e canção.

A bússola do meu passo
indica a direção
o fogo do meu abraço
é o pavio da emoção.
A saudade, em minhas veias,
escorre, é solidão.
Mas a esperança ponteia
a vinda de outro verão.

Marilia Abduani

FRUTA DOCE

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

FRUTA DOCE

A mentira tem verdade
que até a razão desconhece,
a plena felicidade
acende o pavio da prece.
E a letra da nossa vida
tem a música da ternura.
Sem amor não há caminho,
sem caminho a noite é escura.
É largo o fio do sonho
que enlaça o ouro do dia,
que tece o nosso destino,
saudade sem agonia.
Veneno de fruta doce
é o mel de todo o ciúme.´
O amor tem asas molhadas
retém do ódio o perfume.
A verdade tem mistérios
que até a razão desconhece,
às vezes o tempo os decifra,
às vezes apaga e os esquece.

MARILIA ABDUANI

PRENDAS

Poesia e canto
meu sonho,no entanto,
cruzando a saudade,
bebendo a esperança,
rompendo a vingança:
mentira e verdade.
Serena harmonia
desata do dia
refaz a aliança.
É vento na noite,
rajada da sorte,
é música e dança.
Meu peito de ave
veloz como um raio
renasce e reluz.
As flores são lendas,
os rios são prendas,
estrelas são luz.

Marilia aAbduani

SIMPLICIDADE

Simplicidade

Todo o mistério da noite
cabe num só sentimento,
rompe a barreira da sorte,
exala a aura do vento.
Todo o segredo do mundo
vive em nossa memória
é rio largo e profundo
às margens de toda a história.
Conduz o nosso destino
pelo deserto do peito,
é como a taça sem vinho,
como o amor sem respeito.
Todo o milagre da vida
é ser feliz,simplesmente,
é não tocar a ferida
viva dentro da gente.
É estocar de esperança
a claridade do dia
Abrir a porta da aurora
e ver raiar a alegria.

Marilia Abduani

Parcas palavras

domingo, 17 de julho de 2011

Meras palavras,
poucas palavras
saltam da minha boca.
Dançam desvairadas
meio desviadas,
parcas palavras roucas.

Tudo o que eu sinto
é o que eu pressinto,
faz acender o beijo.
A ternura alada
cruzando a estrada
fria do teu desejo.

Meras verdades,
tantas saudades,
desejo e desafio.
Sonhos castrados,
entrecortados
na solidão do rio.

Tudo o que eu planto
é o meu desencanto
na aridez do jardim.
Palavras raras,
ventam na cara,
sopro de amor sem fim.

Marilia Abduani

Silêncio

Quando chega a noite,
a vida silencia.
O lençol do sonho
nos cobre
até que nasça o dia.


Marilia Abduani

Desalinho

O cio dos teus segredos
mordem a velha alegria
A maciez dos teus pelos
provoca e acaricia.
O orgasmo no pensamento,
no ventre da liberdade,
desponta a cada momento
atravessando a saudade.

As linhas dos teus novelos
tecem a antiga poesia,
os fios dos teus cabelos
desmaiam na noite fria.
Em desalinho, o enredo
da nossa história sombria
no livro dessa ansiedade,
que chega ao cair da tarde
vicia, tece a verdade
da nossa melancolia.

(o cio dos teus segredos
escorre pelos teus dedos
em minha vida vazia.)

Marilia Abduani

Entrelinhas

Tudo o que eu sei da vida
é a fonte de bem viver
É andar de cabeça erguida
E, a cada dia, aprender

A ler pelas entrelinhas
histórias do que passou.
Entre o passado e o futuro
nos olhos de quem amou.

Tudo o que eu sei da vida
é a esperança refeita.
É a aliança bendita,
é quando a alma se enfeita.

É quando tudo floresce
a cada nova estação.
A vida é suspiro e prece
no templo do coração.

Marilia Abduani

TRISTE

Triste e o vento. Triste lamento

Triste é a eterna noite que retém a sorte
que a memória guarda, toda a ansiedade,
caminho deserto , ponte da ilusão.

Mas o vento é o mesmo
no que ,um dia, foi flor.
A saudade é um anseio...

Triste é o tempo. Triste lamento...
Triste é a nostalgia quando dorme o dia,
aprisiona o peito a eterna noite
e apaga a estrela em meu coração.
Longo é o esquecimento
do que já foi amor.
Nuvem nas mãos do vento...

Navego a deriva
nas manhãs em flor.
Corro atrás do sonho
busco um novo amor.

Canto,canto
uma nova canção.
Canto a saudade, canto o perdão.

Sonho e canção.
sonho e canção.

Eu sou o dia
a luz, a harmonia,
que busca a poesia, a alegria que chega
com a vinda de uma nova estação.

MARILIA ABDUANI

Saudade

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Saudade é mesmo cortante
desvenda o amor, fio a fio,
É a dor de se estar distante
ausência do arrepio.
Nos torna humildes, revela
a falta que o abraço faz.
É uma espécie de reza
que a esperança refaz.

Saudade é tiro certeiro
no alvo do coração.
É como um gato ligeiro
é lágrima de perdão.
É sede de esquecimento,
é fome que não se vê.
Saudade é tudo o que fica
quando eu não vejo você.

Marilia Abduani

Rajada

terça-feira, 12 de julho de 2011

Rajada de vento
meu pensamento,
em qualquer direção,
voa na noite
driblando a morte,
cruzando a escuridão.
Até que amanheça
o sonho tece
a mais fina condição,
de ser mais livre
de ser eterna
a asa do coração.

Rajada do tempo
leva o lamento
e tudo o que a vida traz.
Medos e enganos,
todos os planos
que só o amor refaz.
Antes que endureça
a alma leve
a hora é de aprender,
Que o amor não finda
que a vida é linda
para quem nela crê.

Marilia Abduani

Naufrágio

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Eu me perco no movimento
dos barcos nos temporais
Atraco o meu sentimento
em portos tão desiguais.
Maresia em meu olhar
me impedem de ver o sol
e o pranto se faz um mar
e o espanto se faz o anzol.

Eu me traio no momento
em que desfaço a pureza
do meu coração alado
nos braços da correnteza
É cheiro de tempestade
É vento que principia
É pavio da saudade
aceso na noite fria.

A fúria do pensamento
desfaz a boca dos rio
arrasta o que vem de dentro
do nosso corpo no cio.
É ânsia de maré -cheia
encontro de céu e mar.
Eu sou um barco ligeiro
um náufrago em teu olhar.

Marilia Abduani
MÚSICA : HERMAMBRIX

REDOMA

Redoma



Eu te entrego a nostalgia

da noite sem estrela e nua

o segredo absoluto

de tua melancolia

triste, sombria e nua.

O véu da noite mais fria,

o abismo agreste, ermo,

Redoma sem luz, sombria,

no dia sem meio-termo.



Eu te entrego a tempestade

e o mar que se abre incerto,

o mistério dissoluto

do teu carinho deserto.

Do estampido por dentro

rasgando o teu ventre aflito.

Eu te deixo a poesia

e me entrego de peito aberto

serei tua companhia.



E quando cair a noite

e o dia nascer bonito,

descansarei em teus braços:

Não seja breve o infinito.



Marilia Abduani

Memória

terça-feira, 5 de julho de 2011

Memória
O que a memória lembra
é o tempo deentro da gente,
retém a velha aliança,
torrão de amor em semente.
Que brota dentro do peito
e rompe o himen da flor.
O tempo, às vezes é quente,
e, às vezes, é frio e dor.

O que a saudade guarda
é o que restou da alegria,
cristais de areia e mais nada
castelos de ventania.
É brilho de estrela rara,
clareando a escuridão.
O tempo, às vezes dispara
e escapa da nossa mão.

Marilia Abduani

Volúpia

segunda-feira, 27 de junho de 2011

A placenta do desejo

explode e nem balbucia.

A tecitura do beijo

tritura a parca alegria.

Novelo desenrolado,

areia da solidão.

Redemoinho rasteiro

labaredas do perdão.

O vermelho da saudade

é o nevoeiro que aflora

e encrespa o fio do tempo

volúpia, cio da aurora.

É uivo de lua cheia,

é vida já sem valia.

É libertina coragem

de viver por teimosia.


Em êxtase, o horizonte

perfura as nuvens escuras.

Chove o sêmen do pranto

por sobre toda a candura.

É nostalgia do vento

é sede que não sacia.

É canto de chamamento

e ventre sem serventia.


(Fixo o olhar no universo,

recolho cada momento

nas conchas da fantasia)


Marilia Abduani

Proverberando

domingo, 19 de junho de 2011

Se conselho fosse bom

ninguém dava, só vendia,

sei que gato escaldado

sente medo de água fria.

Sei que o sol nasceu pra todos

e que a noite é uma criança,

quem quiser ficar comigo,

só dançando a minha dança.


Quem espera sempre alcança

o meu pai sempre dizia.

A palavra é de ouro.

Sem amor não há alegria.

Para bom entendedor

uma palavra bastaria,

o apressado come cru

amanhã é outro dia.


Se conselho fosse bom

mais de mil eu te daria

água mole em pedra dura

bate até virar poesia.


Marilia Abduani

Compasso

sexta-feira, 29 de abril de 2011

A nota do meu corpo

sai do teu compasso

desordenada-mente,

e se sacia

com a melodia

do coração.


O ritmo da vida

vez em quando se atrapalha,

é o fio da navalha

é o nó na sintonia.

E, no tom do tempo,

é que o amor se espalha

A voz, às vezes, falha

em toda a harmonia

de viver.


Marilia Abduani

Navegante

Naveguei por tantos mares

por onde hoje a dor passeia,

Saudade, barco ligeiro,

nos braços da maré cheia.


Passei por tantas tormentas

em águas que já nem sei,

ancorada na lembrança

de amores que lá deixei.


Naufraguei um oceano

no barco da calmaria,

no veleiro da coragem,

naufrágio da valentia.


E até que o vento devolva

o o sonho que vem do mar,

Eu deixo nas ondas claras

meu barco te navegar.


Marilia Abduani

Pote da Idade

Na gestação da brisa,

plantada no ventre das horas,

é fácil apalpar a vida

se medo de que haja o agora.

Só por paixão vale a pena

secar o pote da idade,

caminho de sol poente.

Ainda não é tão tarde.


A dor que talha a esperança

é um rio largo e fecundo,

cardume de velhas lembranças

nas profundezas do mundo.

Escombros, lábios sedentos,

para amainar desencanto.

Na mente, se tornam flora

a nostalgia da infância

tecendo o ninho da aurora.


Marilia Abduani.

RENDA DE ORVALHO

Centelha de raios de sol,

facho de luz na manhã,

deita na calma imortal,

cola no breu feito ímã.

Diamante dentro do amor

é a estrada nova pro norte,

das profundezas da dor

apaziguada é a sorte.


Deita a minha alma ao vento

a relva enfeita a história.

Oco solar é o lamento

no marulhar da memória.

Refeita em luz, minha estrela

é renda de orvalho bordada,

enluarada se espelha

na relva em orvalhada.


Marilia Abduani

Relho

sexta-feira, 22 de abril de 2011

A noite em meu caminho

o espinho em meu desejo

A pedra em meu carinho

serpente morde o meu beijo


A sombra eterna no espelho

a faca em meu orgulho

as velhas tranças do relho:

amarras em meu embrulho


O berro em minha verdade

o gelo na valentia

o orgasmo na liberdade

a solidão que vicia.


E assim, pela estrada eu sigo

entre o amor e o laço

saudade bate no peito:

É a falta do seu abraço.


Marilia Abduani

Fera

terça-feira, 19 de abril de 2011

Em teus olhos eu leio a minha história.

Em tua boca as lições que eu aprendi.

Teus cabelos são as teias da lembrança

os teus dedos jorram flores por aí.


Teu silêncio fala mais do que eu escuto

teu desejo atiça a fera que há em mim

tua ausência é navalha na saudade

o teu passo é o meu princípio e o meu fim.


Marilia Abduani

Sol Poente

A gestação da brisa

plantada no ventre das horas,

tão fácil apalpar a vida

sem medo de que haja o agora.

Só por paixão vale a pena

secar o pote da idade,

caminhar ao sol poente.

Ainda não é tão tarde.


A dor talha a esperança,

é um rio largo e profundo,

cardume de velhas lembranças

nas profundezas do mundo.

Escombros de lábios sedentos

na mente se tornam flora.

A nostalgia da infância

é que tece o ninho da aurora.


Marilia Abduani

Renda de orvalho

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Centelha,raio de sol

facho de luz na manhã,

deixam uma calma imortal

colam no breu,feito ímã.

Diamante dentro do amor

é a estrada nova pro norte.

Das profundezas da dor

apaziguada é a sorte.

Deita a alma ao vento

a relva enfeita a história,

oco solar é o lamento

no marulhar da memória.

Refeita em luz, minha estrela

é renda de orvalho bordada,

Enluarada se enfeita

para a festa das orvalhadas.


Marilia Abduani

Paisagem

domingo, 6 de março de 2011

Na estrada da vida eu ando
com o canto do galo acordo
a mesma antiga saudade
que passa por mim, veloz.
É tão claro o movimento
que a alma traça inconstante,
o círculo dos amantes,
o eixo do sonho atroz.
À margem da vida eu ando
meu canto é mato rasteiro
a velha necessidade
de sempre chegar primeiro.
E ver a louca engrenagem
do trem da infância passar.
A vida é essa paisagem
que cabe inteira no olhar.
Marilia Abduani

FIOS DE SOL

Quando a manhã se renova
um novo dia começa,
entre o passado e o presente
a vida passa ,sem pressa.
Retalhos de tantas lendas
saudades do que passou,
o futuro se oferece:
é o fruto de quem sonhou.
A meada da saudade
costura fios de sol
a branca linha do tempo
nos cobre com o seu lençol.
A densidade do mundo
é o pulso do coração.
É quando a vida renasce
do pó de cada estação.
Marilia Abduani

viço

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Romanticamente eu danço,
no laço da tua teia,
saudade bate no peito,
escorre em minha veia.
Feitiço de lua nova,
mandinga de bem amar.
rodopio em teus braços:
é onde eu quero morar.
Poeticamente eu canto
o eco é a garantia
de que eu já cruzei o mundo
sonhando a tua companhia.
O viço da tua rosa
perfuma mais o meu dia.
É verso em rima e prosa
teu beijo de calmaria.
Marilia Abduani

Sátira

Trágica chega a noite,
cálida a lua desce,
ânimo na ternura,
pálida estrela cresce.
Tônico na esperança,
mágico sentimento,
ríspida a vida acorda,
única é a voz do vento.
Sátira na tristeza,
árida a alma grita.
cínico foge o tempo,
lânguido o amor palpita.
Marilia Abduani

Algas da infância

O húmus da infância
alimenta a estrada que moldei pra nós,
fertilizando o tempo tão veloz
frutificando o outono dos quintais.
O odor da infância
fecunda o espírito dos sonhos vãos,
a cal da primavera da canção
abre a ferida que não sangra mais.
As algas da infância,
baças estrelas que caem do céu,
brancas de luz em seu sabor de mel,
abrem-se em pranto,se não tem luar.
O suor da infância
espreita a noite em seu despudor,
que despe, rompe e seduz o amor,
faceira infância, tempo de sonhar.
Marilia Abduani

COLHEITA

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Na terra enluarada,
a renda do sol espia
a semeadura de estrelas
para a colheita do dia.
Deita a alma ao vento
centelha de melancolia.
Um facho de sentimento
na fixidez da harmonia.
A terra apaziguada,
a lembrança movediça.
Contemplativa a saudade
o sêmen do amor atiça.
Marulha a erma verdade
e a todo olhar enfeitiça.
Presságios de etern(a)idade:
o humor amarga a preguiça.
Marilia Abduani

Pulso

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Eu passo pela vida
amarrando as esperanças.,
engolindo os meus fracassos
mesclando alguma serenidade.
Mas a boca da noite
devora o que me sustenta.
E fica a fome, a vingança
rondando a liberdade.
Eu pulso pela vida
meu coração bate pouco
no morrer de cada dia.
A mão dormente, enrugada
no rosto a vida, cansada,
já pouco de mim pressente.
É o tempo que vai passado
é o tempo que leva a gente.
Marilia Abduani

Esquinas

Nas esquinas do infinito
brilha o clarão do dia.
O sol solta as suas franjas
que caem, desmaiam,
douradas e macias.
Os olhos do peito abrem-se.
as mãos da saudade tocam.
O corpo, mansa lagoa,
e nela os sonhos mergulham.
Às vezes, sobrevivem,
às vezes, somem,
Às vezes, simplesmente voam.
Marilia Abduani

Primeira estrela

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Por tantas vezes abracei o outro.
renasci das cinzas e refiz meu chão.
Reescrevi a história das minhas lembranças,
e me tornei criança em meu coraçaõ.
Por tantas vezes beijei o inimigo,
dei a outra face, cantei o perdão.
E das pedras tantas que já me lançaram
fiz meu edifício sempre em construção.
Eu soltei ao vento as palavras vãs,
e nadei nas águas da melancolia
para ouvir segredos do meu oceano
e ouvir sereia em plena cantoria
Por tantas vezes eu bebi o meu pranto
engoli a saudade triste e derradeira
Desaguei a chuva do meu desencanto,
descobri na noite a estrela primeira.
Marilia Abduani

Cálice

Em cálices florais
eu bebo o vinho seco,
drama ácido
jorrando incessantemente
avermelhando o dia.
Uma nesga de sonho
seduz a alma quebrada.
Paixão ilógica,
enternecida aliança:
esperança e poesia.
Alastra a semeadura
de sonhos partidos.
Lembrança árida,
réstia de esperança
e de melancolia.
Marilia Abduani

ESTRIBILHO

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Para eu me encontrar
eu vou me perder.
O que a gente planta
é o que irá colher.
A pessoa em mim
deixo florescer,
sempre há a semente
de outro amanhecer
Todos têm o seu próprio brilho
dentro desse turbilhão.
Sempre há um novo estribilho
na harmonia da canção.
Para a frente é que se anda.
Para adiante é que se vê.
Pra sonhar é que se vive.
Sempre aposte em você.
Seja simples como o rio,
espontâneo como a flor.
Tudo o que restou do ontem
não é nada-já passou.
Siga o seu próprio caminho
com passos de vencedor.
Não há rosas sem espinhos,
e tudo na vida é amor.
MARILIA ABDUANI

Meninas

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

As meninas dos meus olhos
desfiam o brilho,
o estribilho,
as maravilhas da vida.
Duas meninas,
tão cristalinas,
cascatas refletidas.
A esperança estremece,
visão mais clara,o tempo não para,
dois grãos de amor em mim.
Minhas meninas,
minhas retinas:
um caso de amor sem fim.
Se uma se perde
a outra se encontra.
Se uma se encanta
é por procurar,
as suas meninas,
tão cristalinas,
dentro do seu olhar.
Marilia Abduani

GARUPA

Carrego a vida no lombo
do meu cavalo alado
cavalgo a liberdade
pelos campos sonhados.
Cruzando o céu e a terra
ao beijo da ventania,
relincho de ansiedade
o prazer de cada dia.
No ruminar da saudade
a volúpia e a valentia
incenso lambendo a tarde
perfume de calmaria
E na poeira da estrada
o sopro, a melodia.
Eu levo a sorte guardada
na garupa da poesia.
Marilia Abduani

 
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