viço

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Romanticamente eu danço,
no laço da tua teia,
saudade bate no peito,
escorre em minha veia.
Feitiço de lua nova,
mandinga de bem amar.
rodopio em teus braços:
é onde eu quero morar.
Poeticamente eu canto
o eco é a garantia
de que eu já cruzei o mundo
sonhando a tua companhia.
O viço da tua rosa
perfuma mais o meu dia.
É verso em rima e prosa
teu beijo de calmaria.
Marilia Abduani

Sátira

Trágica chega a noite,
cálida a lua desce,
ânimo na ternura,
pálida estrela cresce.
Tônico na esperança,
mágico sentimento,
ríspida a vida acorda,
única é a voz do vento.
Sátira na tristeza,
árida a alma grita.
cínico foge o tempo,
lânguido o amor palpita.
Marilia Abduani

Algas da infância

O húmus da infância
alimenta a estrada que moldei pra nós,
fertilizando o tempo tão veloz
frutificando o outono dos quintais.
O odor da infância
fecunda o espírito dos sonhos vãos,
a cal da primavera da canção
abre a ferida que não sangra mais.
As algas da infância,
baças estrelas que caem do céu,
brancas de luz em seu sabor de mel,
abrem-se em pranto,se não tem luar.
O suor da infância
espreita a noite em seu despudor,
que despe, rompe e seduz o amor,
faceira infância, tempo de sonhar.
Marilia Abduani

COLHEITA

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Na terra enluarada,
a renda do sol espia
a semeadura de estrelas
para a colheita do dia.
Deita a alma ao vento
centelha de melancolia.
Um facho de sentimento
na fixidez da harmonia.
A terra apaziguada,
a lembrança movediça.
Contemplativa a saudade
o sêmen do amor atiça.
Marulha a erma verdade
e a todo olhar enfeitiça.
Presságios de etern(a)idade:
o humor amarga a preguiça.
Marilia Abduani

Pulso

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Eu passo pela vida
amarrando as esperanças.,
engolindo os meus fracassos
mesclando alguma serenidade.
Mas a boca da noite
devora o que me sustenta.
E fica a fome, a vingança
rondando a liberdade.
Eu pulso pela vida
meu coração bate pouco
no morrer de cada dia.
A mão dormente, enrugada
no rosto a vida, cansada,
já pouco de mim pressente.
É o tempo que vai passado
é o tempo que leva a gente.
Marilia Abduani

Esquinas

Nas esquinas do infinito
brilha o clarão do dia.
O sol solta as suas franjas
que caem, desmaiam,
douradas e macias.
Os olhos do peito abrem-se.
as mãos da saudade tocam.
O corpo, mansa lagoa,
e nela os sonhos mergulham.
Às vezes, sobrevivem,
às vezes, somem,
Às vezes, simplesmente voam.
Marilia Abduani

Primeira estrela

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Por tantas vezes abracei o outro.
renasci das cinzas e refiz meu chão.
Reescrevi a história das minhas lembranças,
e me tornei criança em meu coraçaõ.
Por tantas vezes beijei o inimigo,
dei a outra face, cantei o perdão.
E das pedras tantas que já me lançaram
fiz meu edifício sempre em construção.
Eu soltei ao vento as palavras vãs,
e nadei nas águas da melancolia
para ouvir segredos do meu oceano
e ouvir sereia em plena cantoria
Por tantas vezes eu bebi o meu pranto
engoli a saudade triste e derradeira
Desaguei a chuva do meu desencanto,
descobri na noite a estrela primeira.
Marilia Abduani

Cálice

Em cálices florais
eu bebo o vinho seco,
drama ácido
jorrando incessantemente
avermelhando o dia.
Uma nesga de sonho
seduz a alma quebrada.
Paixão ilógica,
enternecida aliança:
esperança e poesia.
Alastra a semeadura
de sonhos partidos.
Lembrança árida,
réstia de esperança
e de melancolia.
Marilia Abduani

 
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