Meras palavras,
poucas palavras
saltam da minha boca.
Dançam desvairadas
meio desviadas,
parcas palavras roucas.
Tudo o que eu sinto
é o que eu pressinto,
faz acender o beijo.
A ternura alada
cruzando a estrada
fria do teu desejo.
Meras verdades,
tantas saudades,
desejo e desafio.
Sonhos castrados,
entrecortados
na solidão do rio.
Tudo o que eu planto
é o meu desencanto
na aridez do jardim.
Palavras raras,
ventam na cara,
sopro de amor sem fim.
Marilia Abduani
Parcas palavras
domingo, 17 de julho de 2011
Silêncio
Quando chega a noite,
a vida silencia.
O lençol do sonho
nos cobre
até que nasça o dia.
Marilia Abduani
Desalinho
O cio dos teus segredos
mordem a velha alegria
A maciez dos teus pelos
provoca e acaricia.
O orgasmo no pensamento,
no ventre da liberdade,
desponta a cada momento
atravessando a saudade.
As linhas dos teus novelos
tecem a antiga poesia,
os fios dos teus cabelos
desmaiam na noite fria.
Em desalinho, o enredo
da nossa história sombria
no livro dessa ansiedade,
que chega ao cair da tarde
vicia, tece a verdade
da nossa melancolia.
(o cio dos teus segredos
escorre pelos teus dedos
em minha vida vazia.)
Marilia Abduani
Entrelinhas
Tudo o que eu sei da vida
é a fonte de bem viver
É andar de cabeça erguida
E, a cada dia, aprender
A ler pelas entrelinhas
histórias do que passou.
Entre o passado e o futuro
nos olhos de quem amou.
Tudo o que eu sei da vida
é a esperança refeita.
É a aliança bendita,
é quando a alma se enfeita.
É quando tudo floresce
a cada nova estação.
A vida é suspiro e prece
no templo do coração.
Marilia Abduani
TRISTE
Triste e o vento. Triste lamento
Triste é a eterna noite que retém a sorte
que a memória guarda, toda a ansiedade,
caminho deserto , ponte da ilusão.
Mas o vento é o mesmo
no que ,um dia, foi flor.
A saudade é um anseio...
Triste é o tempo. Triste lamento...
Triste é a nostalgia quando dorme o dia,
aprisiona o peito a eterna noite
e apaga a estrela em meu coração.
Longo é o esquecimento
do que já foi amor.
Nuvem nas mãos do vento...
Navego a deriva
nas manhãs em flor.
Corro atrás do sonho
busco um novo amor.
Canto,canto
uma nova canção.
Canto a saudade, canto o perdão.
Sonho e canção.
sonho e canção.
Eu sou o dia
a luz, a harmonia,
que busca a poesia, a alegria que chega
com a vinda de uma nova estação.
MARILIA ABDUANI
Saudade
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Saudade é mesmo cortante
desvenda o amor, fio a fio,
É a dor de se estar distante
ausência do arrepio.
Nos torna humildes, revela
a falta que o abraço faz.
É uma espécie de reza
que a esperança refaz.
Saudade é tiro certeiro
no alvo do coração.
É como um gato ligeiro
é lágrima de perdão.
É sede de esquecimento,
é fome que não se vê.
Saudade é tudo o que fica
quando eu não vejo você.
Marilia Abduani
Rajada
terça-feira, 12 de julho de 2011
Rajada de vento
meu pensamento,
em qualquer direção,
voa na noite
driblando a morte,
cruzando a escuridão.
Até que amanheça
o sonho tece
a mais fina condição,
de ser mais livre
de ser eterna
a asa do coração.
Rajada do tempo
leva o lamento
e tudo o que a vida traz.
Medos e enganos,
todos os planos
que só o amor refaz.
Antes que endureça
a alma leve
a hora é de aprender,
Que o amor não finda
que a vida é linda
para quem nela crê.
Marilia Abduani
Naufrágio
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Eu me perco no movimento
dos barcos nos temporais
Atraco o meu sentimento
em portos tão desiguais.
Maresia em meu olhar
me impedem de ver o sol
e o pranto se faz um mar
e o espanto se faz o anzol.
Eu me traio no momento
em que desfaço a pureza
do meu coração alado
nos braços da correnteza
É cheiro de tempestade
É vento que principia
É pavio da saudade
aceso na noite fria.
A fúria do pensamento
desfaz a boca dos rio
arrasta o que vem de dentro
do nosso corpo no cio.
É ânsia de maré -cheia
encontro de céu e mar.
Eu sou um barco ligeiro
um náufrago em teu olhar.
Marilia Abduani
MÚSICA : HERMAMBRIX
REDOMA
Redoma
Eu te entrego a nostalgia
da noite sem estrela e nua
o segredo absoluto
de tua melancolia
triste, sombria e nua.
O véu da noite mais fria,
o abismo agreste, ermo,
Redoma sem luz, sombria,
no dia sem meio-termo.
Eu te entrego a tempestade
e o mar que se abre incerto,
o mistério dissoluto
do teu carinho deserto.
Do estampido por dentro
rasgando o teu ventre aflito.
Eu te deixo a poesia
e me entrego de peito aberto
serei tua companhia.
E quando cair a noite
e o dia nascer bonito,
descansarei em teus braços:
Não seja breve o infinito.
Marilia Abduani
Memória
terça-feira, 5 de julho de 2011
Memória
O que a memória lembra
é o tempo deentro da gente,
retém a velha aliança,
torrão de amor em semente.
Que brota dentro do peito
e rompe o himen da flor.
O tempo, às vezes é quente,
e, às vezes, é frio e dor.
O que a saudade guarda
é o que restou da alegria,
cristais de areia e mais nada
castelos de ventania.
É brilho de estrela rara,
clareando a escuridão.
O tempo, às vezes dispara
e escapa da nossa mão.
Marilia Abduani