Bicho

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Se eu te gritasse,por certo escutarias
e, quem sabe, até te deixarias
aqui comigo, sem qualquer segredo.
E sob o corpo teu me tomarias.
Doida de mim, que por melancolia
me pus inteira em teus falsos medos.
Se eu gritasse , por certo me olharias
com olhos mansos de guardar magias
e eu te dormia na palma da mão.
E entre tancos e barrancos, irias
fazer do corpo meu tua moradia
e me comer como se eu fosse pão.
Na dança atenta dessa valsa fria
onde me apertas mais do que podias,
se mais que homem, te tornasses bicho.
E me mordesses, como em orgia,
e a minha dor abrisses, na agonia,
como um cachorro farejando lixo.
Se eu chorasse, por certo chegarias
a se aninhar em minha fantasia
pra ser palhaço nesse meu salão.
Se eu me entranhasse em tua folia
é quase certo que me acordarias
como se acorda a noite de um ladrão.
Se eu te matasse, se por nostalgia
eu te plantasse em minha poesia
como raiz do amor, no coração.
Marilia Abduani

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