Ausência

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A dor amarga o sonho,
recolhe as lembranças,
decepa a esperança,
prenuncia a solidão.
Éramos o mesmo poema,
sacudíamos o mundo,
sem o tédio do descaminho,
o terror do desabrigo,
o medo da desesperança.
Éramos amor e luz.
Agora é noite.
Jaz o sol.
Cessou o cantar dos pássaros,
o soprar do vento.
A minha mão, gelada, toca o vazio.
A voz estéril da saudade dorme e acorda comigo,
enquanto o teu corpo ainda repousa em meus olhos.
Do fundo de tua ausência eu me edifico,
pálida rosa,
espalhando o teu perfume,
recebendo o teu orvalho doce, manso e silencioso.

Marilia Abduani.
À poetisa Jane Rossi.

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