Volúpia

segunda-feira, 27 de junho de 2011

A placenta do desejo

explode e nem balbucia.

A tecitura do beijo

tritura a parca alegria.

Novelo desenrolado,

areia da solidão.

Redemoinho rasteiro

labaredas do perdão.

O vermelho da saudade

é o nevoeiro que aflora

e encrespa o fio do tempo

volúpia, cio da aurora.

É uivo de lua cheia,

é vida já sem valia.

É libertina coragem

de viver por teimosia.


Em êxtase, o horizonte

perfura as nuvens escuras.

Chove o sêmen do pranto

por sobre toda a candura.

É nostalgia do vento

é sede que não sacia.

É canto de chamamento

e ventre sem serventia.


(Fixo o olhar no universo,

recolho cada momento

nas conchas da fantasia)


Marilia Abduani

Proverberando

domingo, 19 de junho de 2011

Se conselho fosse bom

ninguém dava, só vendia,

sei que gato escaldado

sente medo de água fria.

Sei que o sol nasceu pra todos

e que a noite é uma criança,

quem quiser ficar comigo,

só dançando a minha dança.


Quem espera sempre alcança

o meu pai sempre dizia.

A palavra é de ouro.

Sem amor não há alegria.

Para bom entendedor

uma palavra bastaria,

o apressado come cru

amanhã é outro dia.


Se conselho fosse bom

mais de mil eu te daria

água mole em pedra dura

bate até virar poesia.


Marilia Abduani

 
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