Espaço

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Eu flutuo no tempo improvável,
no interminável tempo
e ainda me mantenho atenta, ressequida de sombras.
Antes, eu trazia o medo pendurado nos ombros
nas solidões varadas.
O tempo foge.
Impossível prender seus rastros
expostos na madrugada.Há gritos vindos do nada,
fantasmas rondando as ruas, pedradas riscando o ar.
E eu sei que estou acordada,
saindo de mim pra correr,
te encontrar.
Apatia.
Doentia lentidão, íntima represa.
Sou de areia e pedra, luz e dia,
fantasia presa.
Eu amo esse espaço morto.
Gosto de sentir as coisas,
o encanto,
de me sentir assim, coisinha estabanada
sem brilho, sem nada, sem espanto.
Sou de silêncios, paragens,
de mel repartido.
Sou fundo de cesto de cada pomar,
de cada manhã,
nessa indizível,
improvável,
inconstante, indivizível saudade.
Marilia Abduani

Comentários:

Postar um comentário

 
Pelo Estreito Corredor do Tempo © Copyright | Template By Mundo Blogger |