Eu sou eu

segunda-feira, 25 de maio de 2009

A casa era vazia no meio do mato.
Sofrida...vencida...perdida...
Lá não se via medo,
lá não se via acato.
Os móveis, ah, os móveis
imóveis.
A garrafa vazia
no cinzeiro jogado no sofá.
Foi lá
que vivi meus sonhos
risonhos... tristonhos...
meus sonhos de tortura e meus sonhos de paz.
Tem mais:
havia a rede
na grama verde,
água benta pra aplacar a sede.
A cozinha, sozinha, cheirando a azeite.
A casa era calma,
tinha mais alma
que a minha desesperada vida de traumas.
Meus livros surrados, amassados,
meus discos de Chico rodando,
dando de tudo um pouco
ao meu paraíso louco.
Era só eu.
Vivi mil léguas,
não sei se em luz
Nao sei se em trevas.
Nem sei o que fui.
As paredes amarelas
quanto traziam,
quanto pediam,
paradas, velhas.
No jardim, o amor perfeito, sem jeito,
abre-se ao leito da grama verde.
Meu violão, minha canção,
porta aberta pro perdão.
Na parede o quadro enfeitado de luz
onde, um dia perdido,
na tela eu te pus.
Que pena! Somente na tela eu tive você.
O cachorro latindo, pedindo...
E o despertador, único ruído
em minha vencida dor.
No chão, surrado, meu cobertor.
Era eu mesma o vento
que trazia alento.
Eu mesma o sonho
que, em vão, componho.
Eu mesma a taça, eu mesma a cachaça.
Eu mesma o tudo
em meu mundo mudo.
Eu mesma a certeza
de minha fortaleza.

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