Como fica um coração que sente
o toque da alegria e impunemente
se fecha, se desata, de arruina?
Como fica um coração que mente,
que se diz forte e é fraco, descontente,
e que tão constantemente se assassina?
Como fica um coração serpente
que se fere e fere aos outros, indecente,
e que treme no brotar de outra emoção?
Que deságua e desencanta, impaciente,
e que foge feito raio, as mãos dementes,
feito ave de rapina , rente ao chão.
Como fica um coração carente?
Pena que ninguém nunca me explique,
e que esse coração etéreo fique.
Clemência: Um resto de esperança.
Como o amante em mãos de sua amada
une o corpo à alma: ardente madrugada,
A flor e não o fruto é a vingança.
Como fica um coração impaciente
que pactua amor e vício e continua
remanescente, mansamente comovido?
Que recolhe cicatrizes e feridas,
que por certo, pelo amor, fe-se partida,
pelos múltiplos repentes ressentido.
Como fica um coração demente
que treme ante as amarras e correntes,
e é preso ao corpo, tão descompassado?
Como fica um coração prudente
movendo- se num frio aparente,
e que treme, ainda assim, desgovernado.
Como fica um coração que é tranparente?
Como fica o coração da gente
na síndrome de arder tão duplicado?
E se o meu coração governa a mente,
o meu corpo guarda o cheiro do pecado.
Como fica um coração que ,de repente,
pulsa, pulsa e paralisa, simplesmente,
e depois volta a bater acelerado.
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