Florescência.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Já não sou frágil.
Posso viver em constante vigília,
as pupilas acordadas,
na noite baixa, antiga,
silenciosa e indormida.
Não me sinto ágil,
mas posso sonhar nas manhãs
decisivas e únicas.
Posso crer no impossível,
enxergar os mistérios
de tudo e do nada
e viver à beira do abismo do pranto.
Já não morro tão fácil.
Ainda posso recriar auroras
na fonte de cada orvalho.
Recolher a chuva
adocicada e bendita
que molha gaivotas e girassóis,
ao sabor da terra molhada.
Acredite, já não vivo só.
Guardo em mim as neuroses, todas,
as minhas origens, os planos.
Meus olhos resmungam e eu
decifro o que eles dizem.
Na clausura da calma em que me deixo
e afogo a eterna solidão.
Eu mesma me basto???.
Concluo o meu tempo e adormeço entre flores e pedras.
Já não me sinto nua.
Visto-me de nuvens de estio
a espera de beijos.
O vento sussurra em meus ouvidos
acalantos tímidos e inocentes.
E eu me contorço em espasmos de ternura
que despem o meu pudor
e ocultam o meu corpo.
Já não sou triste.
O amor é um gato manso,
acaricia o meu verso
e a dor sorri, complacente.
Toda dor se vai.
Miando, arranhando bem leve,
esse mesmo gato manso, de total pureza,
renasce, combustão das cinzas,
e todas as sementes viram frutos,
a escuridão vira luz,
e eu floresço,
flor única e definitiva,
pérola surgida
do ventre da etern(a)idade,
no prazer do gozo consumado
e exato do meu tempo.

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