Semente

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Meu canto é o galo que desperta a madrugada
e no dorso de um cavalo atravesso a plantação.
E pego a enxada, laço o touro mais valente,
o meu grão, minha semente
derramada pelo chão.
Enquanto o orvalho molha a terra concebida
cá na roça é dura a lida, sol rebate sem perdão.
Até o sêmen da saudade adormece
no acalanto de uma prece
que desponta da canção.

Aqui na roça
boi é rei, é garantia,
nossa lei, nossa valia,
o direito de viver.
E a gente sua na labuta que é difícil
o suor é o nosso ofício
no galope de colher.
E Deus compensa devolvendo, então, pra gente,
o que brota da semente,
tão bonita a plantação.
Até parece que mais cedo raia o dia,
passarada e poesia
vão ciscando pelo chão.

Marilia Abduani

Comentários:

Postar um comentário

 
Pelo Estreito Corredor do Tempo © Copyright | Template By Mundo Blogger |