Fuga

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Fujo do frio que em meus olhos arde
o cansaço contínuo, a perene solidão.
De meu sol que não rebrilha, do furor de cada tarde,
no tremor que me assassina, no tocar de outra emoção.

Sou centelha, sou vertígem, o reverso da miragem
o poder que me orienta é uma obscena paixão.
Não há fogo que me aqueça na geleira do caminho
Não há abraço, não há vinho que me aqueça o coração.

Não há mão, que ao tocar, me descubra no abandono
ou carinho que comova, no breve tocar do beijo.
A estrela que me guia é a que antecede o sono
nos instantes de emoção, no milagre do desejo.

Quero tudo e quero nada que ameace o meu sossego
no enlace de um segundo mais uma nova cicatriz
Quem revive a sós comigo? Eu me fiz meu inimigo?
Que nó cego no que invento jamais me deixa feliz?

Fujo do engasgo que me morde a mente
Da indivisível semente, do infecundo perdão
que recolhe os meus pedaços triturados por mil dentes,
o meu sangue, antes quente, se faz extinto vulcão.

Fujo da treva que me faz demente
do meu beijo de serpente ,da inevitável dor.
O cavalo que anda em mim fareja o teu suor quente
Não há fé que me oriente nos labirintos do amor.

Marilia Abduani

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