Canção

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Dança o meu corpo ao vento
como se eu fosse brisa
Navego nas mãos da aurora
e o meu corpo paralisa.
Deixo a ternura solta,
o coração desarmado,
meus passos de passarinho
no orgulho do vôo alçado.

Tranco a maldade e o medo
e engulo a chave depois.
Amarro em fios de ouro
todo encanto de nós dois.
Sonha meu corpo, sonha
nas asas da liberdade.
A alma, esta se embrenha
pelas trilhas da verdade.

Cessa a noite. Raia o dia
na mais rara claridade.

Marilia Abduani

Viagem

quarta-feira, 21 de abril de 2010


Vida, moinho sem volta
nos leva sem permissão.
Luzes no vago da porta,
por onde os anseios vão.
Persigo a aurora antiga
e a primavera também.
Mas ,eis,o outono se achega
e joga o perfume além.

O canto dos rios me guia
além, bem além da canção.
O peito se fecha de frio
na geleira da amplidão.
O pranto corrói por dentro
onde o silêncio é prisão.
sopra a saudade o vento
e orvalha o coração.

Caminhos turvos, dispersos...
meus olhos buscam visão
A caminhada se veste
de dor e de solidão.
Cessa a cantiga lá fora
emudece o violão
Resta o vazio de agora
miragem, vago clarão.

Tua presença mais terna
medra em meu peito ateu
minha ansiedade desterra
saudade no peito meu.
O encanto, o sonho se vão
no tempo que pereceu.
A noite já principia
sombra perdida no breu.

É a vida que jaz sombria:
estrela de luz sem fim
no infinito do meu tempo
que foge, escapa de mim.
Prevejo a indizível viagem
no desatar da coragem
na ausência que não tem fim.

Marilia Abduani
Para o meu pai.

Oásis

terça-feira, 20 de abril de 2010


Enquanto não raia o dia
recolha o brilho da lua,
a ponta de cada estela,
a noite é pra se sonhar.
A alma tão leve voa,
a dor a tudo perdoa,
só fica o amor a imperar.

Enquanto não raia o dia
aceite a carícia do vento,
aflore o seu sentimento,
pássaro livre a voar.
O corpo, esse desliza
óasis farto de brisa
no universo de amar.

Marilia Abduani

Flores.

Silêncio- calada noite,
No frio do quarto, só o passar das horas
no relógio da saudade.
Lentamente a alma voa.,
atravessa paredes,
paira sobre os campos.
O sol derrama paz.
Os caminhos são flores.
Depois, a alma retorna ao corpo
e aclara o breu que encobria a esperança.
Amanhece.

Marilia Abduani

Orgia

Chora a madrugada
a ausência fria,
a falta de abraço,
o beijo, o compasso,
frenesi, magia.
O clarão da lua
intimida a orgia
que o sonho resguarda
para a poesia.
Guardo num cadinho
a saudade aflita.
Teu suor me lambe,
teus pelos me vestem:
fico mais bonita.

Marilia Abduani

Interior

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Nos braços do vento
descansa a saudade.
A tarde abre-se.
É primavera no inverno do sentimento.
Solto as rédeas-cavalo alado-
e persigo estrelas enquanto
a noite desce.
Meu coração acalanta-se
na carícia da lua
que ilumina o meu quarto interior.
E toda melancolia adormece.
-Silêncio, amor e prece.

Marilia Abduani

Tempero

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O presente tempera o futuro:
azeite, sal e poesia.
Mesa farta de esperanças
no frescor da tarde mansa
o correr de mais um dia.
Futuro, dourado canto,
encanto que se insinua
e reflete a luz do sonho
por onde o passado flutua.
Compasso, harmonia e dança.
E a vida continua.

Marilia Abduani - Letra
Marcus Viana - Música

Guerras

terça-feira, 6 de abril de 2010

Guerras que sangram o corpo
guerras que mordem a alma.
Vêm como fogo ao vento
queimando por dentro,
destroem toda a calma.

Fazem do amor,pesadelo,
melancolias traçadas.
Matando sonhos, desejos,
nas marcas do beijo
sinistra cilada.

Somos miséria na mesa,
veneno no sangue,
desgraça ,avareza.
Fome maior é a certeza
do fio navalha
ferida, tristeza.

Mas, eis um novo caminho
abriu-se pleno de luz.
E os anjos ,ao som dos sinos,
renovam destinos
que à paz nos conduz.

Somos o anúncio do dia,
a paz renovada,
a chegadado amor.
Abençoados os anjos
que trazem nas asas
as lições do Senhor.

Marilia Abduani

Infância

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Um cheiro de chuva
na terra molhada.
Murmúrio e prece.
O bem verdadeiro,
o canto primeiro,
saudade orvalhada.

Um gosto de fruto maduro caído
do pé da esperança.
O sonho brejeiro,
o amor verdadeiro,
perfeita aliança.
A chuva que exala
o odor da saudade
dos tempos de infância.

Marilia Abduani

Vento

Vento que embala as flores,
acaricia as manhãs,
azeita o sonho.
Traz a cantiga da esperança,
o assovio da fé,
a candura da paz.
Vento que toca o meu ego,
acaricia o orgulho,alisa a ternura,
arranha a alma, assanha toda a minha estrutura
e me enche de manha.
Vento, beijo da vida
sopro que se refaz.

Marilia Abduani

Dor

A dor amplia a fé
que a conforta,
que a inibe,
que a faz menor.
A fé que vem de um coração
que sente dor
e deseja paz.
Paz é colo de mãe,
é sorriso de pai,
é pensar em Deus
e se sentir em Seus braços
com a sensação
de ainda estar no útero.

Marluce Abduani, minha irmã caçula.

Saudade

Antecipada, a saudade
navalha no peito
que arde.
Silencia o canto,
atiça o pranto
e faz sombra em nosso vulto.
Chega sorrateira
e entra-faca certeira-
em nossa calma e poesia.
Eternizada, a saudade
ecoa na noite
que desce.
No peito o gemido,
o grito contido,
o beijo, o açoite,
o afago sem prece.

Marilia Abduani

Natureza Mãe.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Natureza Mãe,ensine aos seus
o segredo de livre luzir.
a lição de florescer
sem destruir.

Matas,ventos, nuvens,sol e céu
chuva que desperta a plantação.
universo, terra e mar
se fartarão.

Nos caminhos toscos somos flor,
mata, cachoeira, amor, jardim.
Natureza Mãe
plante em nós o amor
e a razão
antes que a vida desfaleça
antes que o mal cresça na amplidão
e a vida chegue ao fim.

Marilia Abduani

Vou voltar

Vou voltar
pelos mesmos caminhos
retirar os espinhos
avivar a saudade.
No seio da tarde,
reabrir as feridas
revirar minha vida
pelas mãos da verdade.

Vou voltar,
destrancar as janelas,
os portais, as tramelas,
esse muro de giz.
E a cicatriz,
que é um vírus mordente,
vou banhar de aguardente
esse mal de raiz.

Vou voltar
desatando esses nós,
e soltando esta voz
e as amarras da dor.
Vou voltar
as porteiras abertas,
as trincheiras desertas
nos atalhos do amor.

Vou voltar
procurando as verdades
não importa a saudade
que me faz solidão.
E o perdão
vai nascer do meu pranto,
explodir do meu canto
azeitar a canção.

Vou voltar
reabrindo os abraços
me embrenhar noutros braços,
e plantar nova flor.
Vou voltar
mais segura e serena
Tem que valer a pena
inventar novo amor.

Marilia Abduani

 
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