Viagem

quarta-feira, 21 de abril de 2010


Vida, moinho sem volta
nos leva sem permissão.
Luzes no vago da porta,
por onde os anseios vão.
Persigo a aurora antiga
e a primavera também.
Mas ,eis,o outono se achega
e joga o perfume além.

O canto dos rios me guia
além, bem além da canção.
O peito se fecha de frio
na geleira da amplidão.
O pranto corrói por dentro
onde o silêncio é prisão.
sopra a saudade o vento
e orvalha o coração.

Caminhos turvos, dispersos...
meus olhos buscam visão
A caminhada se veste
de dor e de solidão.
Cessa a cantiga lá fora
emudece o violão
Resta o vazio de agora
miragem, vago clarão.

Tua presença mais terna
medra em meu peito ateu
minha ansiedade desterra
saudade no peito meu.
O encanto, o sonho se vão
no tempo que pereceu.
A noite já principia
sombra perdida no breu.

É a vida que jaz sombria:
estrela de luz sem fim
no infinito do meu tempo
que foge, escapa de mim.
Prevejo a indizível viagem
no desatar da coragem
na ausência que não tem fim.

Marilia Abduani
Para o meu pai.

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